sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Baby TV (II)

Sim, nunca me passaria pela cabeça desmerecer a Baby TV. Esta é por certo um exemplo que se pode aplicar mesmo antes do 3D. Muitos dos blockbusters mais desmiolados produzem um estado de imersão na forma e na cor que parecem mesmo produzir essa estupefacção, como se o cinema “narrativíssimo” suprisse o que quer contar pela agitação do que pode mostrar. Se bem que, desconfio, esta posição não é só de um cinema a compensar a sua “pobreza”, mas também lida com a forma como cada geração aprendeu a ler imagens. Como se se introduzisse uma lógica de skim reading (quem é que já tem tempo para ler coisas de fio a pavio?) à forma de processar as imagens. Cinema en passant?

Quanto ao 3D é verdade que já se instalou uma rotina facilitista que tem sobretudo a preocupação de pôr coisas aos pulos. Lembro-me que quando assisti ao primeiro filme nesta nova vaga 3D (Avatar), o que mais me impressionou foi o anúncio da Vodafone no início com as pipocas aos saltos a entrarem-me pelo nariz. Se é para espantar, que se vá directo ao assunto. Que o 3D traz ainda muito pouco ao cinema é bem verdade. Se poderá fazer mais com a integração da dita técnica na linguagem e discurso cinematográfico não me parece chocante que aconteça. Poderá é já nem se chamar 3D, mas outra coisa qualquer…

2 comentários:

  1. De facto, se passassem um Brakhage no "Baby TV" ninguém dava por nada ---- salvo se fosse o "The Act of Seeing With One's Own Eyes" ou aqueles "in your faces" que o homem realiza de vez em quando...

    Para os programadores da Baby Tv deixo a seguinte sugestão: http://www.youtube.com/watch?v=r2BayhDaq8U

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