quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Arte Poética

Escrever um poema

É como apanhar um peixe

com as mãos

nunca pesquei assim um peixe

mas posso falar assim

sei que nem tudo o que vem às mãos

é peixe

o peixe debate-se

tenta escapar-se

eu persisto

luto corpo a corpo

com o peixe

ou morremos os dois

ou nos salvamos os dois

tenho de estar atenta

tenho medo de não chegar ao fim

é uma questão de vida ou de morte

quando chego ao fim

descubro que precisei de apanhar o peixe

para me livrar do peixe

livro-me do peixe com o alívio

que não sei dizer

in UM JOGO BASTANTE PERIGOSO – Adília Lopes (1985)



Sem comentários:

Enviar um comentário