segunda-feira, 25 de maio de 2015

Übermensch da loja dos trezentos


 Para além do empreendedorismo ter servido à política dos partidinhos para sacudir a água do capote em todo este "roubo à moda antiga", há algo que por vezes fica na sombra. O bom aluno da lição sobre o "bater do punho" (na verdade, ele é o aluno medíocre de cabeça baixa e subserviente, que não sai da literalidade da mensagem e não lê nas entrelinhas) não percebe da obscenidade da sua tarefa. Não percebe que está a ser usado e que está a proclamar um modelo de sucesso que, não sendo o seu mas o de uma ideologia (uma ideologia que não o serve, mas antes dele se serve), proclama o triunfo como um sorriso e um pé sobre a cabeça do outro derrotado, do fraco que aceitou um não. O empreendedor é o Übermensch da loja dos trezentos, que não entende que o sentimento de força que vende como mais um produto de um yoga interior instantâneo, pseudo-revolucionário, é afinal uma máscara de vergonha que carrega, muitas vezes sem compreender que nem o privilégio de classe lhe assistiria a possibilidade de trepar até onde desejaria: um palcozinho não de onde pudesse ver as carecas dos fraquinhos, mas de onde estes o pudessem proclamar como ídolo de barro em tempos de barro.

Sem comentários:

Enviar um comentário