sábado, 4 de julho de 2015

Mad Max




Quando o louco Max, que aqui o é pouco, e Furiosa, regressam à casa de partida não podemos deixar de sorrir ao perceber que George Miller está profundamente consciente de que a sua saga tem hoje espaço apenas na rota circular de uma montanha russa. Depois podem acrescentar-se pensamentos sobre a busca constante de si próprio, ou até da felicidade como caminho e não como meta, mas sem esse disfarce o que há por aqui é o elogio da cinética, onde o sangue, a luta, a acrobacia são apenas mais elementos de uma orgiazinha que se pensa a si própria muito selvagem. Nesta ideia de um cinema convertido em atracção de feira popular, com freaks e modelos ao som dos bandoleiros do heavy metal, há a tentação de pensar que o espírito barroco e pós-apocalítico da série se encontra em lifting, em actualização. Contudo, se bem estou lembrado, a bizarria do mundo já depois do mundo de Mad Max é que ela se dava a ver num espelho mais ou menos sereno para o qual se olhava e onde se via a diferença daquele que olha. A montagem "Furiosa" de Fury Road só mima o que já lá está, em que a "redenção", os espaços "verdes" da esperança, o "amor" são tudo apenas palavras lançadas para o abismo da velocidade e do avanço. Desta forma estamos sempre na ausência de diferença entre o "pós" e o "apocalíptico", resultando que as "wacky races" metálicas, os sentidos do desértico e do árido, se desvanecem, tornando-se este em mais um filme anónimo de acção. Tão concreto e superficial deseja ser que só a abstracção alcança. Entre o início e o fim, de facto, há só tempo que passa, sem marca, sem mácula. Sem avanço. 

Sobre a banda sonora, a história é outra. Genial, genial é o que vos digo.

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