sábado, 3 de outubro de 2015

Os donos d'isto tudo


Há coisas que valia a pena comparar. Por exemplo, o sistema de produção em alguns casos invisível e anónimo da Hollywood clássica que fazia com que um filme como Casablanca possa ser visto como uma malha de autoria (s) de para aí uma dúzia de pessoas diferentes (mas ainda assim, follow the money), com a mostração das malhas mais uma vez invisíveis do tardo capitalismo financeiro em filmes como The Godfather e mais explicitamente toda a série de conspiracy movies do pós modernismo, como escreveu Fredric Jameson em The Geopolitical Aesthetic (aqui, follow the money é mesmo a única coisa a fazer).

 O que é aparentemente incomparável talvez ajude a compreender se hoje coisas na boca do mundo como os colaborative movies e todo o fenómeno da criação total são o próximo capítulo da redentora vinda do anjo da história, sem contradições, sem autores e sem auras, ou se, andamos apenas a substituir sistemas de invisibilidade uns pelos outros para ir tapando, de forma cada vez mais eficiente, os "donos d'isto tudo".

(talvez a "trajectória" do corpo de Marlon Brando da t-shirt branca de A Streetcar Named Desire até ao corpo balofo, amortalhado e "invisível" do general Kurtz, com a interrupção das variações e retalhos cronenberguianos sobre os corpos dos anos 80, nos mostrem de forma muito visível o que vai acontecendo ao que é palpável e material num universo relacional, de labirinto que esconde a causa do problema, seja ela a exploração mafiosa dos recursos ou a deformação do corpo por excesso de jouissance.)

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