segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A prisão sem livros

«Por seu intermédio pude dispor de mais dinheiro, escrever à minha família e arranjar livros. Havia anos que não lia um único e seria difícil descrever a estranha emoção que me causou o primeiro volume - uma revista. Lembro-me de ter começado a ler à noite, depois de fecharem as casernas, e de ter continuado a leitura pela noite fora, até ao nascer do dia.  Dir-se-ia que viera até mim um mensageiro de outro mundo. A minha vida antiga surgiu aos meus olhos com extrema claridade e tentei adivinhar, através do que lia, se me deixara ficar para trás, se eles - os outros, os livres - tinham vivido muito, sem mim.»

in «Recordações da casa dos Mortos», Fiódor Dostoiévski 

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