quinta-feira, 13 de abril de 2017

«Os Lobos» (1923) de Rino Lupo


Atenção aos militantes da brigada do politicamente correcto. Vi ontem na Cinemateca «Os Lobos» (1923), uma das obras mais importantes do cinema mudo português, e parece que o seu autor Rino Lupo compara os homens conquistadores a lobos e imagine-se (!) as mulheres a inocentes e fracas ovelhas. Mas para apaziguar eventuais fúrias digo-vos para reparem nos planos das encostas da Serra da Estrela, do sol e dos sinos, todos tão bonitos. E já agora, para se fixarem nos intertítulos poéticos que procuram habilmente disfarçar um certo moralismo da história. O João Bénard chamava-lhe :«a criação de uma poética à margem do argumento ou até contra ele». Fora de ironias, «Os Lobos» é um filme que tem algo de sobrenatural, mesmo no tratamento dos espaços. Desta forma ele cresce muito para além do que nele também se pode ver: um certo retrato de um Portugal humilde e de sentimento à flor da pele.

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