domingo, 23 de abril de 2017

Árvore da Cinefilia #3 - Carlos Alberto Carrilho


Apesar das centenas de filmes que, ano após ano, acrescento à minha lista de visionamentos, tendo a manter uma certa fidelidade na ordem de preferências. De resto, existem filmes que secretamente amo, mesmo antes de saber que existem, como é o caso de «The Texas Chain Saw Massacre» (Massacre no Texas, 1974), que Tobe Hooper realizara como se fosse um documentário. Com alguma desilusão, descobri que o filme com que repetidamente sonhara, não era o de Tobe Hooper. A violência gráfica atordoante impeliu-me a refugiar em pequenos detalhes que se misturavam com as minhas memórias e que outros não viam ou consideravam irrelevantes. Entre eles estavam porcos a chafurdarem livremente pela casa entre esculturas produzidas com ossos e galinhas encarceradas em minúsculas gaiolas desproporcionadas para o seu tamanho, embalados pelos efeitos sonoros e instrumentos não convencionais da partitura de Tobe Hooper e Wayne Bell. Depois havia a expressão angustiada do monstro, que olhava incrédulo pela janela, enquanto adolescentes imberbes lhe invadiam a casa, sem pedir licença ou bater à porta. Não mais parariam de entrar, cada vez com menos neurónios e mais impulsos libidinosos.

Carlos Alberto Carrilho *

*Carlos Alberto Carrilho, o meu convidado cinéfilo de hoje, é colaborador no site À pala de Walsh, programador no colectivo artístico White Noise, autor do blogue there's something out there, alem de trabalhar há vários anos na Maumaus 

Para saber mais sobre a rubrica Árvore da Cinefilia.
Edições anteriores: #1 Francisco Rocha.
                                    #2 Pedro Correia.

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